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Arquitetos: Andrew Burges Architects
- Área: 175 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Peter Bennetts, Prue Ruscoe, Caitlin Mills
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Fabricantes: &Tradition, Candana, City Scape Steel, Cranbrook Workshop, Design Daily, FLOS, Haarc Group, Marco Steel, Pivotant, Sterland Roofing & Cladding, Wastberg, Winning Appliances
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa Bismarck é a irmã mais nova de um par de residências geminadas no bairro de Bondi em Sidney, Austrália. O projeto combina materiais brutos e espaços esculpidos para integrar casa e jardim ao mesmo tempo que articula interações sociais entre as áreas mais públicas da casa, e a rua que se estende ao longo de toda a lateral norte do projeto.
Nosso ponto de partida conceitual para o projeto foi mapear detalhadamente o contexto da rua lateral: uma longa e estreita via secundária dando acesso para a traseira de diversas unidades comerciais voltadas para a rua Bondi.
Neste contexto, o piso térreo da casa foi concebido espacialmente e materialmente como um jardim contínuo entre os muros de divisa do terreno. A parede sul, compartilhada entre as duas casas, teve o revestimento removido deixando a alvenaria exposta, e com os tijolos reciclados das demolições, foi construído um novo muro de divisa na fachada norte, voltado para a via. O jardim desenvolve-se em torno de figuras-chave no desenho da casa: a bancada da cozinha, um banco no peitoril da janela voltado para a rua, uma parede estrutural de concreto, um armário de aço para armazenamento.
O nível superior, que contém três dormitórios, foi concebido como um volume sólido com vazios esculpidos para proporcionar a entrada de luz, criando diferentes ângulos de visão, diagonais e oblíquos, ao longo da fachada lateral, atenuando assim a potencial perda de privacidade devido às fachadas traseiras das construções do outro lado da rua. Estas conchas de luz permitem que o jardim seja contínuo ao longo de quase todo o comprimento do terreno, sendo o recorte principal em torno de uma palmeira Bismarckia (palmeira-azul) introduzida como um dos elementos do projeto paisagístico.
Com uma planta aberta, bem iluminada e flexível, a casa foi especificamente projetada para permitir diversas possibilidades de usos, tanto funcionais como sociais, ao mesmo tempo enaltecendo as habilidades de nossos clientes em construção e projeto paisagístico. O objetivo da casa é potencializar o contexto que está inserida, transformando formalmente e socialmente a típica tipologia de habitação conjugada através de sua resposta à viela.
Com um generoso banco no peitoril, a ampla janela da cozinha se abre diretamente para a rua, incentivando conversas entre os moradores e as pessoas do lado de fora - sejam crianças brincando ou pedestres passando na calçada. O revestimento da fachada em chapas de alumínio perfuradas e onduladas se curva e se abre para criar uma série de jardins que percorrem o projeto longitudinalmente, oferecendo privacidade para os quartos no andar superior.
Nosso objetivo era de proporcionar uma casa flexível que pudesse ser usada para aluguel por temporada ou como uma futura residência na cidade caso os clientes se mudassem. A casa também deveria ser experimental e inovadora, destacando os trabalhos desenvolvidos pelas empresas do próprio cliente, a construtora Robert Plumb Projects, e o escritório de paisagismo DBS. A casa é uma resposta muito direta a estes desejos funcionais e criativos do nosso cliente.
William Dangar (arquiteto paisagista/cliente), se juntou com Andrew Burges Architects, David Harrison & Karen McCartney (interiores), e Robert Plumb Build desde o início do projeto. A paleta de materiais foi aperfeiçoada através da estreita colaboração entre todos e suas especificidades técnicas. As chapas onduladas foram instaladas sobre um revestimento em chapas de aço galvanizado padrão, uma solução que contou com um protótipo desenvolvido em conjunto com o fabricante para testar a transparência e integração com as janelas.
Peças feitas sob medida e de produção local enriquecem cada espaço: o armário/divisória da sala em aço vermelho queimado; caixilhos e portas metálicas integradas ao concreto bruto e a alvenaria aparente; painéis de madeira ripada fazem a intermediação com a rua; os detalhes nas prateleiras curvas dos quartos.
Materiais robustos foram escolhidos por sua longevidade e possibilidade de integração com sistemas de aquecimento e resfriamento com eficiência energética. As lajes de concreto maciço foram deixadas expostas tanto nos pisos quanto no teto. Os dois pavimentos possuem sistema de aquecimento através de piso radiante hidráulico - uma escolha visando economia de custos a longo prazo. O orçamento foi um fator fundamental, portanto, o uso de pouca variedade de materiais e acabamentos também pautou o desenvolvimento dos interiores, complementados por peças vintage cuidadosamente selecionadas a dedo por David e Karen. Além disso, apreciamos o fato de que optar por peças antigas é também uma escolha sustentável que dá uma segunda vida a artigos existentes.
A escolha do terreno deve-se a sua orientação solar, à sua proximidade com a infraestrutura e as praias, e ao potencial de sua relação com a rua ao norte. A área construída do projeto é restrita para possibilitar que a área externa percorra toda a lateral, ajudando com a ventilação cruzada entre o interior e o jardim.
Os pátios ajardinados proporcionam privacidade e sombra, complementada pela copa da palmeira Bismarck, enquanto os beirais e as chapas de aço protegem os fechamentos em vidro. O jardim é ao mesmo tempo belo e árido e requer pouquíssima água, sendo composto de espécies nativas e suculentas, sem gramado, tanto no térreo quanto no jardim elevado que proteje o quarto principal do sol mais forte do oeste.